sexta-feira, 29 de novembro de 2019

A APARENTE FRAGILIDADE DAS FLORES



Alternam sol e chuva, luz e sombra enquanto espero essa paz que vem do seu sorriso e do seu olhar. Talvez eu chore amanhã. Talvez o meu dia nem amanheça e o céu não me dê um sorriso azul. Há muito mais espinhos do que flores e muitos desejos fugazes se fazendo presentes. Há na ponta dos meus dedos uma sensação que me apavora enquanto me devora e, solta este animal exótico que te seduz. Preciso desta textura, deste estágio e destas rendas que me realçam enquanto me preparo para você, fazendo do meu corpo o seu relicário. E dos frágeis vidros coloridos o óleos e o sândalo perfumam minhas fantasias, naufragadas em espumas e aquecidas em água morna.Preciso destas formas e cores, destas horas, sozinha comigo e com a espera pelo contato das suas mãos em minha pele. Preciso da claridade das suas flores brancas neste jardim sobre o meu corpo enquanto te afago e beijo. Preciso dos seus olhos na claridade do meu amor e o seu amor eterno em mim.


imagem: Fragilidade
Aquarela sobre papel Cason
Luciah Lopez


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

AUSÊNCIA



fica um pouco de nós
que se demora
e que nunca se ausenta
é essa a vontade que me devora
______sua ausência
que se revela
e me percorre os cantos
en_cantos  d'alma
que a moldura 
aos olhos revela


imagem: Expresões
Nanquim sobre papel
Luciah Lopez



terça-feira, 26 de novembro de 2019

UTOPIA




A felicidade é uma dádiva de Deus - e também um exercício que não depende de forças externas e, sim, da força que vem do nosso coração (este vibra em harmonia com o Universo quando estamos felizes). A felicidade existe em nós e sabendo disso -  podemos torná-la eterna, só depende de nós. A alegria de viver tem como fundamento a própria Alegria de Deus - estar vivo faz parte dessa Alegria e a felicidade é acrescentada através de carinho, amor carnal e do amor espiritual. A felicidade pode estar a sua procura, que tal parar e gritar bem alto: ei, eu estou aqui!!! - é fácil, não é mesmo?!


imagem: As Rosas
Aquarela 
Luciah Lopez




segunda-feira, 25 de novembro de 2019

REQUIEM AETERNAM


Como esquecer daqueles olhos matreiros
olhos de menino arteiro 
de andar cambaleante de quem
carrega nos ombros
o peso do mundo?
Como não sorrir
com aquele risinho afetuoso
entrecortado pela sabedoria das palavras
que nos livros não se pode encontrar?
Os dias passaram e
o tempo correu desembestado 
feito bicho avoador
e no lombo desse bicho
 montado feito rei
ganhou alturas  fechou os olhos
sentiu o vento e se foi...


imagem: Bicho Avoador
Aquarela sobre papel
Luciah Lopez



sexta-feira, 22 de novembro de 2019

BRANCA LUA



_________ chegou,
à princípio, tímida lua,
[menina/ mulher]
que em seus "braços" desfalece______ desde o amanhecer
e se perde 
louca e alucinada
um anjo, uma "diaba"
se estendendo no prazer de ser mulher
bêbada do seu gozo
sorri, no espelho do seu sorriso...


imagem: Luar
Arte Digital
Luciah Lopez



quinta-feira, 21 de novembro de 2019

PORQUE SOU MULHER E TE AMO



Eu queria ser a flor que perfuma
o seu dia__________queria ser a lágrima furtiva
a morrer e viver em seus lábios
a tortura desse amor
que constrói poemas desconstruindo a dor.

Queria ser a página tímida
desse livro
que suas mãos acariciam
e seus olhos sedentos despem
revelando a nudez da poesia
que o excita a novos poemas.

Ah, eu queria ser a noite
e as estrelas perdidas e encontradas
neste azulescente céu das suas doces promessas
e a esperança do luar
como um último beijo na boca da noite
antecipando os sonhos __________que os seus olhos
desenham na parede branca

((oscilante feito superfície de um lago...))

Mas o tempo inexorável
 reparte o universo de cada verso
em contraste – desgasta a transparência
do olhar que te resenha ________adoradamente 
te resenha!

Caem as estrelas...

... e o vitral do lago resplandece e a sinfonia
dos loucos expande
porque sou mulher e te amo.


imagem: Vertente
Arte Digital
Luciah Lopez


terça-feira, 19 de novembro de 2019

INTÉ U INFINÍTU IEU VÔ TI AMA...



Cunstruí u'a casinha
reboquei ela tudinha
côs barro lá dá biquinha.
 Nu chão batido, bem barrido
dexei memô o massapé.

No teiado ieu ponhei sapé
pintiadin qui nem cabelo dí muié.
Lamparina dí crêosene 
amórdi alumiá lumiá o teu oiár...

Infeitei a casa tudinha
tuáia dí renda branca
na mesa ieu ponhêi.
Í nus vaso eu prantei
frôrzinha dí bem-me-quér.

Du nosso quartu, ieu num isquicí,
cortei madêra fiz os móvi.
Cama arta e bem grandi
prá di noiti nóis dois se ama...

Cás páia fina dí mío branco
ieu fiz nosso corchão.
Pirfumei dí alícrim doradu
í cas frôr de laranjêra.

Cubrí côs lençór cherôso
bem branquin, branquin...
Passadin nu ferro dí brasa
cum goma e muito carin...

Na paredí uma santinha
Abençuanô a união.
ieu sonhei tudin assim. 
Tudim...
Mai nem anssim ocê vai vim?!...

Rsrsrsrs



imagem: Casinha antiga
Aquarela sobre papel
Luciah Lopez



segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ETERNIZAMOS



...nos restos de sol nas gotas de puro orvalho
servido em pétalas nuas de sombra
caminhamos lado a lado e
envelhecendo o nosso amor.

O vento levou a incerteza clandestina
quando o sol a pino abraçou o meu silêncio
engravidando a tarde de cores crepusculares

A noite pariu estrelas cadentes
no claro-escuro dos nossos olhos
findou anseios criou certezas...

E na noite aberta
a sua mão escreve no meu ventre liso
o nome pelo qual me chama
e seus lábios beijam a leveza de meus pés descalços
estendendo cada minuto
na eternidade de mais um sorriso...


imagem: Eternizamos
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez


quinta-feira, 14 de novembro de 2019

SONHOS E PENSAMENTOS



Quando a noite vem sem sonhos
arrisco um pensamento
pois dele posso evadir-me.

Mas quando os sonhos
me aprisionam a esquecer-me da vida
me entrego indefesa, só quero sonhar!

Que me fuja o amanhecer e suas verdades.

Que a noite me embale em seus mistérios.


imagem: Sonhos
Arte Digital
Luciah Lopez


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O TEMPO E A JANELA



Ainda me sento aqui
Diante da mesma janela a observar o céu.
Parece ser o mesmo.
Até mesmo a janela parece ser a mesma.
Mas o que não me deixa ver as cores da manhã?!
Porque não ouço a sua voz?!
A cidade já acordou – tem cheiro de café no ar...
Eu fiz café.
Meus lábios sentem o calor amargo de cada gole
Enquanto engulo a pausa da minha vida
Entre perdões elásticos
E a vibração das mares lunares
Acendendo as estrelas sobre a sua casa
Mas onde você mora?! Eu não sei mais...


imagem: Castelo
Grafite sobre pepel
Luciah Lopez


terça-feira, 12 de novembro de 2019

OS PÁSSAROS



Escuta "canto dos pássaros"
tem um poema feito só para você
ouça...

Os pássaros cantam o poema da vida
que meu coração escreve
e enquanto sístole/diástole
me fazem viva...

Escuta-me no canto dos pássaros
que voam em cores
desenhando teu nome
nas entrelinha de cada verso meu.

Os pássaros cantam
escuta-me no canto dos pássaros...


imagem: Pássaro
Aquarela sobre papel
Luciah Lopez




segunda-feira, 11 de novembro de 2019

NONSENSE


Não quero a arte de fingir palavras e desenhar escritas, nem colorir os sonhos____não tenho tempo para apontar lápis de cor, então o melhor é derramar a tinta no veio das palavras e deixar que percorra os meus labirintos de Ariadne, desenhando o Minotauro na pele que me reveste concretizando a mancebia do seu corpo e o meu. As horas estão presas em rocas de fiar e, a ancestralidade do tempo é refletida no espelho no mesmo instante em que o meu olhar mergulha no seu e, uma vez longe de todas as fobias, as rimas saltam da sua boca para as minhas mãos, tal qual peixes voadores navegando no arrebol. 

imagem: Nonsense
Pigmentos aquarela
Luciah Lopez

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

PAPIROS



_______  estranho e inquieto é objetivo do Tempo. Traz as lembranças e o amor desenhados na pele alva dos papiros e no retorno à claridade dos dias, insisto em perguntar: - De onde eu o conheço?! Não há caminhos entre os veios da memória, que eu não os tenha percorrido, sem contudo, encontrá-lo. Houve, talvez, outros caminhos que em algum ponto tenham se cruzado e assim, deixando as suas marcas indeléveis para que eu viesse a descobri-las?! Os meus ouvidos são acostumados às suas palavras e a sua risada faz eco no meu coração. E as pegadas que encontrei marcadas no pó da eternidade servem de molde aos seus pés e as suas mãos se encaixam nas minhas mãos como se o fossem correspondentes pares. Minha sombra reconhece a sua e, na minha boca -, a sede é da água da sua boca. Os seus olhos enfeitiçam o meu olhar tal qual nahash enfeitiça o olhar do pássaro. Minha alma se perdeu da sua alma e haveria de sofrer o medo da solidão absoluta - a noite sem lua e nem estrelas. Todas as manifestações de tristeza passaram por mim e, antes que me pudessem consumir, me sentei à sombra da grande árvore e perguntei: - De onde eu o conheço?!  E a serenidade da resposta foi como o perfume dos narcisos, que à beira d'água desabrocham derramando seu olor embriagando nosso olfato, nos dão a salvação de sermos dois em um.

pensando em Odur 


imagem: Nascer do sol
Aquarela sobre papel
Luciah Lopez


quarta-feira, 6 de novembro de 2019

PANTOMIMA



absurdo é o riso que não consigo rir porque a fome o devorou
e eu vim parar aqui na curva de um rio
sonhando dormir acordei e cortei os cabelos
e os pendurei nos bambus
como os sinos de vento

não era hora não era o tempo das portas abertas (!)
no desvão apenas trastes empilhados que as traças devoram

estantes e instantes mordem o meu pensamento
pra me lembrar dos livros e das feridas, das pontes e das praças
das pedras que eu juntei e coloquei no meu prato

não era hora não era o tempo das portas abertas (!)
pras varandas e portões e ruas enlameadas a solícita companhia

caminhantes de outras eras como gatos famintos de agrados
lada à lado se esfacelam e riem um riso azedo de outridade
e se constroem e se costuram como mulambos esfarrapados

não era hora não era o tempo das portas abertas (!)
porque ousei sonhar um poema possível nos muros
nos telhados nas aldeias nas ruas nas montanhas nas cidades
nos becos nas vielas nos canaviais da pele na carne viva na alma imortal
não era hora não era tempo
não era hora não era
não era hora não
não era hora
não era
não
n
ã
o



imagem: Bambus
Aquarela sobre papel
Luciah Lopez

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

OUTONAIS


guarda-me assim, feito flor
em tarde de outono
guarda-me a passear pelos teus caminhos
mas, sem ouvir-me o riso
ou mesmo os passos
acomoda-me num canto
dentro da sua poesia e adormeça-me
dentro do seu silêncio
feito um pássaro sem ninho
em frias tardes de outono


imagem: Pequeno Pássaro
Aquarela sobre papel
Luciah Lopez




sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A POESIA NA TEIA DE SILÊNCIO





um dia...
um único dia
eu gostaria de caminhar na cauda do cometa
e bordar a caligrafia de Nizami
na vestimenta da tarde,

um dia...
um único dia
queria derramar todas as cores do arco íris
e colorir a poesia - 'semente das estrelas'
do céu da tua boca

______________ mas o tempo,
feito uma aranha de prata
tece sua teia de silêncio
calando a tua poesia.

em silêncio
cerro os meus olhos
vazando a última lágrima
bêbada de saudade
antecipando o amanhecer.



imagem: A Teia
Arte Digital
Luciah Lopez

PASSAS RECHEADAS

INGREDIENTES:   - meio quilo de passas (em cachos) -12 gemas (peneiradas) -250 g de açucar refinado -1 colher (sopa) de manteiga ou margarin...