sexta-feira, 30 de agosto de 2019

TRISTESSE



E ao saber-te um vento brando
Que suave passa
_____________acariciando a flor
à beira d’água,
frágil sentimento desabrochou

Sem mais medos desdobrei o olhar
E a te, me entreguei

Sem os medos de outras eras
Minh’alma, envolta em linho branco
Aos teus pés, eu descansei

E de amor e por amor
Os olhos marejados temem agora
A vil serpente rastejante
A enrodilhar-se entre a vida e o amor

Oh, dor que arde e sangra e cala
E se deita e não adormece...

Essa dor lateja em meu peito
Ferro em brasa
Na forja do medo que arrefece
A certeza dos sonhos, mas
Não silencia o amor

Oh, dor, caminhas longe,
das minhas lágrimas _________afaste!
Irrompe a vida explodindo a vida
Para sempre o teu amor em mim!



imagem: Tristeza
Grafite sobre papel
Luciah Lopez




quinta-feira, 29 de agosto de 2019

FRIDA KAHLO




Na bacia de louça se despe das cores 
((aquarelas)) azedas
escorrem das tetas
em cachos de cacho_eiras.
Se olha no espelho!
O que é, não está nas curvas nem
no buço_______está nos olhos belos
que sabem do azul 
recobrindo as paredes do coração
no sombreado da rua
e no beijo que beija 
não só a própria boca.


imagem: Frida Kahlo
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

NO OVÁRIO DA NOITE


Me sento à sua frente, tão próxima
que sua respiração acaricia os meus cabelos...
Seu hálito morno em meu rosto
como a promessa de um beijo,
um beijo contido na distância
um beijo desejado
por demais sonhado...

Roubo os seus segundos
seus segredos
seu por do sol, suas palavras.
Me balanço em seus versos
roubo seu descanso, seu sono
faço parte dos seus sonhos...

Estou em você nas madrugadas
no ovário da noite
no em silêncio,
na espera...


imagem: Balanço
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez

terça-feira, 27 de agosto de 2019

SEM TÍTULO


Tem um duende dentro do meu sonho!
Um pote de ouro
um papel e uma caneta – rabiscos?!
Não sei...
Insone ele caminha
feito aranha tecendo sua teia.
Tem um duende dentro do meu sonho
com sua barba longa
e seu olhar de poucas léguas
a querer-me e perder-me em breve espaço.
Tem uma voz gritando poemas
quem sabe, o duende ou apenas o vento na fresta da janela?
– Lorca sorri, entre um gole de absinto e banho de água fria.
Meu sonho continua e o matraquear das artérias
vão levando a poesia através de mim.



imagem: Chalé do Inglês
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah Lopez

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

VIAGENS


Você me sorriu como uma criança sorri, quando o vento balançou os bambus e a terra discutiu com o céu adiando a noite só mais um pouquinho. A nossa peregrinação aqui e acolá desafia quem nunca acreditou que era possível carregar uma moeda de prata e guardar na boca um beijo com sabor de cana caiana. Gostaria que você pensasse na possibilidade de esticarmos a tarde, adentrando a noite até fugirmos dos olhares furtivos que nos vigiam por entre os bambus. Os pássaros voando para o sul, passam entre as nuvens seguindo uma estrada imaginária - quem sabe onde vão pousar...
Talvez naquele horizonte que você me deu de presente - talvez os pássaros abram as suas asas e deixem cair as estrelas antes mesmo que a noite chegue. Você continua sorrindo e o seu olhar de menino treloso, se adianta e como uma chuva - deságua no meu olhar. O vento sopra os bambus, os pássaros continuam sua viagem para o sul, a tarde se arrasta  e o seu olhar se casa com o meu...


imagem: Série Flores
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

QUIMERA



A felicidade é uma dádiva de Deus - e também um exercício que não depende de forças externas mas da força que vem do nosso coração quando este vibra em harmonia com o Universo. A felicidade exite em nós, e sabendo disso - podemos torná-la eterna, só depende de nós. A alegria de viver tem como fundamento a própria Alegria de Deus - estar vivo faz parte dessa Alegria e a felicidade é acrescentada através do carinho, amor espiritual e do amor carnal. Tudo é possível desde que acreditemos com firmeza nos nossos sonhos. A felicidade pode estar a sua espera, não é mesmo?!



imagem: Série Flor
Aquarela sobre papel Montval
23 x 42
Luciah Lopez

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

TEMPO DE VIDRO



Há olhos d'água
na concha das tuas mãos
onde não se bebe do brilho dos cristais
e sim,
da luz que transcende da tua alma.

Há risos d'água
nos retângulos a tua carne
espraiada em seda
nos reflexos de quem inventa a própria vida.

Há beijos d'água
nos lábios da tua boca
e nas sementes da lua, 
asas coloridas dos teus sonhos...

Há palavras d'água
na calma dos teus carinhos
enxerto vivo de tempo/vidro
que acende nas horas da tua saudade.



imagem: Mãos
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah Lopez





quarta-feira, 21 de agosto de 2019

À FLOR DA PELE



a flor da pele
se abre
desabrocha_da_mente
desa(V)ergonhada
descansa suas pétalas
entre um 'ai' e um 'mais'
((bem me quer))
bem que se quer
desse sabor de amor
provar____________adocicar
céu e terra
tendo sempre o gozo
à flor da pele acariciar.


imagem: Série Flores
Orquídea
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez

terça-feira, 20 de agosto de 2019

PROCURO-ME



Me olhas com teus olhos de sombras
nesta noite de fria lua
quando ninguém mais diz meu nome, por quê?!...
Foi um sonho onde eu mesma
chamei por mim durante as noites
e não havia nada além de silêncio e
 tempestades que açoitando as janelas
destruíam as palavras escritas no vidro.
Agora é proibido sonhar.
Não sei onde estou. 
Não sei onde me cortei...
Só vejo meu sangue escorrendo e a angustia doce
e silenciosa .
Tudo é silêncio!...
Lá fora no deserto 
as palavras escritas em pó de ouro
tornaram-se palavras de areia
aprisionadas em gotas vermelhas
do vidro derretido
perpetuando a minha figura ausente
na lamina fina e quebradiça
desta solidão feita de vidro.


imagem: O ÉTER
desenho grafite
Luciah Lopez



domingo, 18 de agosto de 2019

VOLÚPIA



Na calma translúcida
da manhã
o teu olhar chega a ser solene
enquanto me despe
do pudor
e me aconchega
no teu leito
onde a astúcia dos teus beijos
me percorre no sossego
 que antecede o amor.
Um diálogo mudo
 sussurros e gemidos
enigmas indecifráveis
nesta hora alheia e tão nossa
uma vida inteira de loucuras
promessas fecundas
profundas
sem rumos
amor parido nos teus
braços
gozo suave
da tua boca na minha
para sempre assim____volúpia!



imagem: Volúpia
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah Lopez

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

CÔNCAVO & CONVEXO


Ainda ontem eu pensava
nos reflexos côncavos e convexos
do teu corpo e o meu
a correr com o vento,
bêbados de segredos,
((embriagados))
correndo sobre o mar e suas anêmonas
sob o céu e seus cometas
nos amando na infinita quietude da lua.

Mas longe de ti
sou apenas a metade
a vida sem ritmo
o arco-íris sem cor
a flor sem perfume
a mão sem calor
a poesia sem o amor.
Longe de ti
sou apenas a metade da solidão


imagem: Encontro
Luciah Lopez

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

LUA LÍRICA



na penumbra
a lua suspira [e pira o cabeção]
cheia de lirismo
feito cigarra cantadeira
sopra segredos [no ouvido dos amantes]
e olha de soslaio - profana que é, se deita
e espera
da noite boêmia e vadia,
que todas as janelas se fechem
e todas as bocas se beijem
e todos os corpos se amem
e a exaustão do amor carnal
seja eficiente "arder" em febre
até incendiar_______corpo e alma
lualma



imagem: LUA
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah Lopez

UM TANGO SOBRE AS FOLHAS SECAS





Ontem eu adormeci sobre as folhas
caídas pelo chão.
Dormi um "sono/sonho" onde eu fugia de mim
e nas ranhuras de cada folha
minha imagem se des_fazia.
Eu queria beber água
beber e adormecer minha boca
estalar a língua no so_letrar de cada palavra
e fazer musica enquanto você fazia poesias.
Eu queria cantar um canto de paz
ou talvez uma oração
que falasse aos corações no mundo
sobre a verdade encoberta
sobre a palavra muda
sobre a boca seca
sobre a gota d’água que vira mel
sobre a tinta que vira flor
no poema da vida.
Mas ontem eu morri e nasci
antes de o sol beijar as areias
e fazer delas – vidro!
Ontem eu quis escrever um livro
dançar um tango
porque Gardel - vive!
Queria as cores
queria tocar o céu
ontem eu queria um pouco de tinta e um pincel
para desenhar o mundo um pouco mais feliz
mas eu estava com sono
e adormeci entre as folhas secas.
Os sonhos fugiram e os vidros estouraram em
milhares de
cacos coloridos brilhando numa
mandala
que girava, girava enquanto os meus olhos
se deitavam entre os cílios pesados.
Ontem eu queria me sentar
frente ao mar e ouvir a risada
de Matilde e Pablo
mas o vento soprou para longe
a poesia 
e o mar levantou ondas bravias
lambendo das pedras - o sal
das lágrimas que eu não chorei.
Ontem, eu dormi em meu sonho - e você escreveu poesias...


imagem: Tango
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah lopez



segunda-feira, 12 de agosto de 2019

AS PALAVRAS SÃO DE VIDRO



Ontem eu passei o dia caminhando pelas trilhas entre as araucárias, quaresmeiras, bracatingas e outras árvores das quais eu não sei o nome... São apenas árvores, erguendo seus braços/galhos em direção das nuvens [algodão no céu].

No silêncio da quase “mata” Atlântica o canto de alguns pássaros e o quebrar de galhos secos...Talvez um tigre!! Shere Khan!! Meu coração dispara. Penso em correr, mas, quem corre mais eu ou Shere Khan??! Sinto adrenalina no meu sangue. Sangue?! Tigre fareja sangue e medo. Tenho medo... Fico em silêncio por longos minutos. Não ouço mais os passos apenas um farfalhar nas folhas secas... Um coelho! É isso. O coelho branco. Seguido pelo Chapeleiro Maluco enquanto Cheshire mostra o sorriso e as listras... Estou no MUNDO DE ALICE!

Uma sombra no chão... Uma ave gigante?! Harpias??!! Nãaaaooo! Apenas Aladim e seu tapete mágico. Uffffaaaaaaa! Ainda bem! Ali Babá, por aqui?! Cadê o tesouro?! Sou a princesa?! Siiiiiiiiimmmmmmmmm!! Este mundo é meu!!
Tem príncipe montado num cavalo branco? Não, o meu príncipe vem montado num cavalinho é vermelho... Eu guardei o cavalinho para você?! Você é o meu príncipe e o nosso país é real.

Aqui não existe idade e tudo acontece! Era uma vez - uma historinha que virou verdade. A maçã alimentou a Princesa, assim como as palavras de vidro que o Príncipe falou... Palavras de vidro refletem a luz do sol... São tesouros, preciso guardá-las num baú....Meu coração/cofre/baú bem guardado, longe do gancho do Capitão  - onde só eu sei! Gravei um X no mapa que dei a você. Siga-o. Meu coração será sempre seu...

Hoje andei nos meus próprios rastros... Andei de mãos dadas com a criança que mora dentro de mim e que acredita nas suas palavras de Príncipe Encantado!


imagem: Bambus
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez

domingo, 11 de agosto de 2019

AO MEU AMOR



Quisera ter mais tempo
nesta glória de amar o meu amado.
Desejar do tempo à minha volta
a brancura da paz que advém do amor
e ainda na quentura úmida dos braços
que me enlaçam, calar a minha voz
dando sossego ao meu coração.
Quisera o meu amado,
livre e sereno
recolhendo da estrela matutina
o sonho redivivo
a poesia de um olhar
a plenitude de um afago
enquanto eu, cativa,
dos teus braços
sopro ao vento
todas as cores de um arco íris
nestes versos trôpegos de tanto querer.
Quisera ter mais tempo
enquanto o meu peito arquejante
amanhece,
e meus lábios ainda detêm
o sabor suave do teu mel
e poder recolher a tua semente
e germinar uma flor dentro de mim.
Quisera ter mais tempo,
muito mais tempo
para trazer às suas mãos
toda doçura que te contemplo,
toda esperança de mais um tempo
tem as peias da amargura
por saber que meu tempo é fugidio.
Quisera do meu amado
somente um olhar velado
e mais um beijo,
antes que o sono teça sua rede de sonhos
cerrando os meus olhos para ti...



imagem: SÉRIE FLORES
Híbísco
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah Lopez

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

QUEM CHOROU AQUI?!



Deixa os meus medos
os meus receios e as minha angustias
adormecerem feito pedras
neste caminho de imensa dor.

Quem chorou aqui?!
Aqui onde as águias pousam
há olhos insones ((sempre observando))
enquanto as mãos encarquilhadas
tecem os fios do sisal
que mantém unidos __águia/homem.

E o Tempo, este caminhante alvissareiro
encurvado em sua marcha
traz o hoje e o amanhã em taças de fino ouro
de onde bebem immaculatam labium 
que clamam por nossos pecados
libertando-nos da alma e de toda nossa culpa.


imagem: Série Paisagens
Aquqrela sobre papel Montval
24 x 32
LuciahLopez



quarta-feira, 7 de agosto de 2019

ADMIRÁVEL FORMA DE MULHER


A noite se faz poesia e todas as formigas dormem o início de suas precárias existências e eu não sei porquê tenho medo de noites assim______aveludadas.
Talvez seja a sua ausência física, porque eu ainda sou tão carnal que não compreendo a inexistência da morte ou a grandeza da vida.
Eu sei do instinto, da intuição, da premonição com a qual fui agraciada ao nascer nessa admirável forma de mulher e dona por excelência, desse pensamento que voa livre através da eternidade.
E como é doce voar além dos anjos e fazer parte da inteligência que segura com as mãos o destino dos homens.
Quem poderá dizer, que o meu coração desconhece o amor se existe uma expressão, uma plenitude transformadora e implícita mantendo a nossa onipresença e as nossas mãos sempre estendidas germinando afetos mesmo quando sentimos medo de noites assim: aveludadas...


imagem: Mundos
Aquarela sobre papel Montval
24 x 32
Luciah Lopez

terça-feira, 6 de agosto de 2019

TECENDO PALAVRAS


E me chama de irmã - a poesia
e me faz diversa entre as mulheres
e quando chega aos meus pés 
a réplica dos seus passos 
eu me faço estrela - inefável aos seus olhos
por detrás das cortinas - entre o cárneo das paixões
e o rumor do seu coração na caixa sonora do tempo...

[Alfazemas são queimadas sob o sol
e a deidade senta-se ao meu lado
(permanecemos primavera por todas as estações)
e mais do que nunca
o perfume das alfazemas incensou-se
permitindo-me tecer palavras na pele do mundo.]

... e o seu coração de infância e riso
de súbito adormece entre as minhas mãos
absolutamente puro - como uma criança...

[ Nas alturas do mundo
estrelas são acesas e
as caravelas navegam o infinto mar
do meu coração]



imagem: Alfazemas
Aquarela sobre papel Montval
Luciah Lopez

SETE POEMAS


Sete são os poemas que eu cometi
enquanto os meus olhos de borboleta 
choravam a vastidão verde e seus cavalos alados.
 Sete poemas eu escrevi 
porque o meu coração estava aberto
e de dentro dele um rio e seus gametas
 feito peixes luminosos.
Sete goles de absinto, sete ramos de alecrim, sete brasas ardentes 
queimam a língua e resguardam os segredos.
Sete poemas eu escrevi
em paredes carcomidas e submersas.



imagem: Engenho Verde _ PE
Aquarela sobre papel Canson
Luciah Lopez

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

DESERTOS

Costurarei os olhos da noite no deserto de todas as palavras e uma vez calada a boca da maldade porquê cega, já não poderá ver________________ então caminharei a solidão dos grãos de areia mostrando os dentes  na palma das mãos. E  dançarei alegre como se faz com os títeres suspensos por fios encantados e juntos gritaremos a liberdade de amar além do tempo e da impossibilidade de viver.


imagem: árido
Luciah Lopez

PASSAS RECHEADAS

INGREDIENTES:   - meio quilo de passas (em cachos) -12 gemas (peneiradas) -250 g de açucar refinado -1 colher (sopa) de manteiga ou margarin...