E eu pensei que morreria
porque a fome é uma dor
corrói as entranhas
rasga a carne dos ossos
deixa apenas o saudosismo das criaturas.
porque a fome é uma dor
corrói as entranhas
rasga a carne dos ossos
deixa apenas o saudosismo das criaturas.
Então eu olhei as minhas mãos
e chorei
ninguém viu minhas lágrimas
nem o pão que eu comi
nem os desenhos que eu fiz
na tentativa inútil de resguardar
as minhas lembranças
como se fosse possível manter a castidade
daquele olhar.
Ninguém viu a dor - a minha dor
porque eu a escrevi em cores
nos meus parcos desenhos
e a desenhei em letras
enquanto o mundo aquarelava lá fora.
E o meu amor?!
eu falei do meu amor
em tantas linhas
em tantas cores
em misturas de palavras
e você não viu...
O meu insólito amor
em suas viagens siderais
a bordo de asas de borboletas
não tem tempo nem o Tempo
permite que eu lhe seja eterna.
Ah, são tantas horas agoniantes
agonizantes
na boca da fome que me consome...
...que eu já nem sei mais quem sou
e o retrato que eu desenho
revela a incompletude do meu ser.
imagem: Memória
Aquarela
Luciah Lopez
e chorei
ninguém viu minhas lágrimas
nem o pão que eu comi
nem os desenhos que eu fiz
na tentativa inútil de resguardar
as minhas lembranças
como se fosse possível manter a castidade
daquele olhar.
Ninguém viu a dor - a minha dor
porque eu a escrevi em cores
nos meus parcos desenhos
e a desenhei em letras
enquanto o mundo aquarelava lá fora.
E o meu amor?!
eu falei do meu amor
em tantas linhas
em tantas cores
em misturas de palavras
e você não viu...
O meu insólito amor
em suas viagens siderais
a bordo de asas de borboletas
não tem tempo nem o Tempo
permite que eu lhe seja eterna.
Ah, são tantas horas agoniantes
agonizantes
na boca da fome que me consome...
...que eu já nem sei mais quem sou
e o retrato que eu desenho
revela a incompletude do meu ser.
imagem: Memória
Aquarela
Luciah Lopez
Todo ser se acha incompleto
ResponderExcluirQuando não existe, em si
Algo intenso, profundo, concreto
Muito além do que se vê aqui...
Não há paz ou empatia
Num mundo cada vez mais
Cruel em seu dia-a-dia
Alimentando-se de nossos "ais"
O pão que o diabo amassa
Talvez não mate sua fome
De saber que tudo passa
Até mesmo as dores sem nome
Mas as lágrimas que derramaste
Se converteram em fundos mares
Como os que, um dia, navegaste
Para os mais distantes lugares...
DANIEL CAMPOS PEREIRA
Twitter/Instagram: @campospereira1